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Mas afinal, o que é a Psicologia Positiva?

Atualizado: 19 de fev. de 2020


Se você chegou até aqui, provavelmente ficou curiosa ou curioso para saber mais sobre a Psicologia Positiva.

Com a disseminação rápida da Psicologia Positiva no Brasil nos últimos anos, colhe-se informações daqui e dali e é comum que o conceito seja reduzido a termos como "pensamento positivo" ou "poder mental".

A Psicologia Positiva não é Pensamento Positivo. É uma ciência que surgiu formalmente através do Psicólogo Martin Seligman, em meados de 1998 nos Estados Unidos. O que deu força aos estudos foi o fato de Seligman ser, na época, presidente da APA (Associação Americana de Psicologia). Naquele período, Seligman questionava o fato da Psicologia estar muito focada no alívio e na cura dos sintomas. Sabia-se muito sobre depressão, ansiedade e outras patologias, mas pouco sobre a Felicidade. Ele e outros pesquisadores, como Christopher Peterson e Mihaly Csikszentmihalyi, direcionaram seus estudos ao que funciona no indivíduo, à Felicidade e ao que faz a vida valer a pena.

Mas antes mesmo da Psicologia Positiva ganhar força, amparada pelo meio científico, a Felicidade já era assunto de grandes filósofos como Aristóteles, Epicuro e Confúcio, e de grandes psicólogos como Abraham Maslow, Carl Rogers e Marie Jahoda.

Seligman foi o autor da teoria do desamparo aprendido, muito conhecida pelos psicólogos comportamentais, cuja descoberta foi que eventos ruins ou traumáticos não produzem em si mesmos o desamparo. "O fator crucial é o trauma inescapável. No desamparo aprendido, uma pessoa aprendeu que, quando coisas ruins acontecem, nada que ela faça, importa. Ela desiste e permanece passiva, mesmo depois que as condições mudam e ela passa a ter controle sobre o meio ambiente” (M. Seligman).

Esta teoria deu origem a uma segunda teoria, a do Otimismo Aprendido, que diz que da mesma forma que o desamparo pode ser aprendido, o otimismo também. Seligman é conhecido como autoridade no meio científico, não somente da Psicologia Positiva, mas também pelos seus estudos de intervenções que previnem a depressão e pelos estudos sobre o desenvolvimento das forças de caráter e melhora do bem-estar.

A Psicologia Positiva, então, pode ser definida como o estudo científico do florescimento humano, do que faz a vida valer a pena e de como os indivíduos podem ter mais bem-estar e satisfação com a vida.

Ela atua no nível subjetivo, individual e grupal. E diz que o indivíduo, para ter uma vida boa, deve atuar em 3 campos: prazer, engajamento e significado.

A Ciência da Felicidade, como é conhecida, direciona seu olhar para os recursos que já temos em nós. O foco no que funciona bem deve ser maior do que o foco no que não funciona.

Vivemos a vida tentando consertar ou resolver os problemas e esquecemos de olhar para aquilo que já está funcionando bem, incluindo fatores externos e internos. Sob o olhar da Psicologia Positiva, temos o que precisamos para ter uma vida boa.

Um dos estudos mais relevantes na área é o estudo das forças de caráter e das virtudes humanas. Aristóteles já dizia que as virtudes são um caminho para o pleno desenvolvimento humano. Segundo ele, "ter um caráter virtuoso nos aproxima da felicidade", defendendo que "o nosso objetivo principal é sermos bons, e não apenas sabermos o que é bom".

A espinha dorsal da Psicologia Positiva são, portanto, as forças de caráter. Uma pequisa extensa sobre o assunto foi desenvolvida por uma equipe de mais de 50 cientistas liderados por Seligman e Peterson, para descobrir quais as virtudes e forças comuns a todos os indivíduos, com base na história, filosofia, cultura e religião de vários países, eles chegaram a 6 virtudes humanas e 24 forças de caráter.

As forças de caráter, fortalezas humanas ou forças pessoais, são divididas nas 6 virtudes abaixo:

  • Sabedoria e Conhecimento

  • Coragem

  • Humanidade

  • Justiça

  • Temperança

  • Transcendência

Para entender melhor, confira nossa tabela periódica das Forças de Caráter:


Todos nós temos as 24 forças de caráter. O teste, disponibilizado pelo VIA, não mede as fraquezas, mas a hierarquia das forças. As que utilizamos sempre, que nos definem e que representam a nossa identidade e a forma como nos comportamos no mundo, são chamadas forças de assinatura. Aquelas que aparecem nos últimos lugares não são nossas fraquezas, como muitos pensam, mas forças ocultas ou esquecidas, que podem ser desenvolvidas. O desenvolvimento e o fortalecimento das forças são o ponto de partida para o florescimento humano.

Um fato importante a destacar sobre a Psicologia Positiva, é que ela não ignora os pensamentos ou as emoções consideradas negativas, tampouco as adversidades. Ela enxerga o indivíduo em sua totalidade e considera as emoções e os acontecimentos negativos, importantes para o florescimento humano. Trabalha-se no equilíbrio, na ressignificação e na resiliência. No final, a balança precisa pender mais para o positivo, mas não somente para este lado.

Além das forças de caráter, Seligman encontrou 5 elementos que se trabalhados, promovem o bem-estar e que formam o acrônimo PERMA: Emoções Positivas, Engajamento, Relacionamentos Positivos, Significado e Realização. Hoje um novo elemento foi adicionado ao PERMA: Vitalidade, que engloba a saúde física e mental e atua em 3 aspectos: dormir bem, alimentar-se de forma saudável e movimentar-se. A nova nomenlatura passa a se chamar PERMA-V e também é utilizado o termo PERMAH (H de Health, saúde). Há algumas derivações no meio científico, como o modelo SPIRE (Espiritual Físico, Intelectual, Relacionamentos, Emoções), criado por Tal Ben-Shahar e outros pesquisadores. Ele, notoriedade no assunto e professor do curso mais procurado de Harvard.




Todo este conhecimento e arcabouço teórico resultaram em diversos instrumentos de medição e ferramentas práticas que contribuem para o florescimento humano e para a meta de Martin Seligman, que é alcançar o maior número de pessoas possível para, até 2051, 51% da população mundial estar florescendo.



Do meio acadêmico e científico, a Psicologia Positiva passou a ser estudada em ambientes comuns e pode ser aplicada a várias áreas do conhecimento, não estando restrita, portanto, ao psicólogo: coaching, autoconhecimento, psicoterapia clínica, organizações, esportes, escolas ou grupos.

 

Cintia Suplicy é Psicóloga com Formação em Psicologia Positiva e co-fundadora da Wiegrow.

Fernando Kneib é Designer e Master Coach, com formação em Psicologia Positiva e co-fundador da Wiegrow.

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